segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Passatempo aéreo


Brasília-Rio. Vôo durante a hora do almoço. Todos enfurecidos por terem almoçado uma barra de cereal e um amendoim. Eu que não sou bobo, arrisquei.

- Senhor, aceita um lanche?
- Sim, um filé mignon com fritas, por favor.
- Só temos picanha e alcatra, serve? - disse o comissário de bordo, com olhar de palhaço.

Aquela frase extraiu todos os líquidos do meu corpo para a boca, num salivar insaciável. Pela brincadeira e pelo olhar de faminto, ele me trouxe três barras de cereal e dois amendoins. Pedi mais dois depois, pra tampar o buraco do dente. Se comparado a um churrasco, diria que comi uma picanha, um pouco de pão com alho e uma costelinha de porco. Tem que alimentar a imaginação pra matar a fome, né?

Tentei arriscar uma cervejinha para relaxar (dizem que potencializa o efeito em três vezes), mas só tinha suco, água e refrigerante. Parecia até festinha de criança. Só faltava a mesa de docinhos com cenário da Turma da Mônica.

Após uma hora e meia de vôo, com direito a banquete aéreo, chega a hora da aterrissagem.

Desembarque no aeroporto do Galeão/RJ. Hora de pegar as malas. Vejo uma linda menina com seu carrinho, tentando chegar à esteira para pegar as bagagens (repararam que toda história tem garotas).

- Você quer ajuda para pegar a mala.
- Quero sim, por favor. - disse a morena com sotaque não-carioca.

Nossa! Além de bonita é simpática. Seu nome era Ellen. Morava em Anápolis/GO e iria ficar em Copacabana, na casa de parentes. Já eu em Ipanema, parentes também. Combinamos praia no dia seguinte. Mas não rolou. Ela foi pra Búzios dois dias depois e nunca mais nos vimos, ainda!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Praia


Praia é o lugar mais democrático que existe no planeta. Dá de tudo um pouco. Crianças, casais, velhinhos, nativos, gringos, pessoas de todos os Estados, pobre, rico, vendedor de queijo, biscoito Globo e mate, artistas. Não importa quem você seja, todos podem ir à praia.

Todos disputando centímetros de areia com as inúmeras pessoas que já encontram-se acampadas na praia. A fim de pegar um sol, curtir o mar, jogar conversa fora, ou simplesmente pelo prazer de estar ali, naquele presente incrível da natureza.

Além disso, praia é lugar de comer besteira. Mas meu amigo André, com quem viajei para o Rio, bateu todos os recordes. Queijo coalho, açaí, sacolé do Claudinho, quibe, sanduíche de peito de peru, sempre acompanhado de mate natural misturado com limão. E mousse de brigadeiro, claro. O engraçado é que depois não sabe por que passa mal. Quem come o que quer, sente o que não quer. Quem ouve pensa que eu sou o cara mais natureba do mundo, né? Ledo engano.

Na verdade, sempre que vou à praia sinto-me da própria cidade, dependendo se o lugar tem gente bonita, obviamente. Pego bronzeado fácil. Com uma semana de praia já estão me chamando de Jamelão, da Mangueira.

Como acho que chinelo só serve para matar barata, vou descalço mesmo. Andei tanto descalço que eu nem sentia mais o calor da rua. A sola do pé ficou tão grossa que se eu pisar num prego com a ponta pra cima é capaz dele entortar.

No primeiro dia de praia, doidos para iniciar a comunicação com as cariocas, ficamos pedindo para todas as meninas bonitinhas darem uma olhada nas nossas coisas, enquanto íamos no mar.

Aliás, já falaram para eu fazer Comunicação ao invés de Direito. Uma vez em Pirenópolis, a cada cinco minutos estava conversando com um grupo diferente. A praça em frente à Igreja Matriz estava cheia de velhos-novos amigos.

Voltando à praia, na segunda intimada já sentei ao lado de uma garota que estava deitada na canga. Nem um pouco cara de pau. Péssima idéia. Além de desenvolver o papo mais louco que já tive sobre psycotrance, vibe e sei lá mais o quê, falou que seu ex-bofe trabalhava na barraca logo atrás.

Dei uma olhada discreta para trás e tremi na base. O cara era uma mistura de Silvester Stalone com King Kong. Por isso, decidimos apelidá-lo carinhosamente de Gorila. E o Gorila parecia cada dia mais forte, não parava de crescer. Toda vez que passava por ele estava comendo sua merendinha: 3 quilos de batata cozida, 12 ovos e 1 quilo de peito de frango.

Pronto, estava aberta a brecha. Todo dia a mulher vinha puxar papo comigo. Talvez para causar ciúmes, ou porque gostou de mim. Não me interessava o motivo. Tudo que queria era me livrar daquele papo doido e tirar o homem-bomba da minha cola.

Certo dia, no final da tarde, estava tocando a Banda de Ipanema em frente à Rua Vinícius de Moraes. Eu estava indo pegar uma cerveja na barraca do Joel, quando escuto uma voz feminina:

- Oi, tudo bem?
- Tudo, e você?
- Não poderia estar melhor. - respondi cinicamente.
- Você vai lá na banda? Se você for para lá, me chama que eu vou! - disse ela.

Demorei um pouco na resposta e pensei: Imagina se o Gorila vem atrás de mim! O vuco-vuco iria fazer Ipanema tremer.

- Ah, tá. Tenho que ir ali, vou pegar uma cerveja.

Saí em direção à barraca na velocidade da luz. Decidi sumir do mapa. Foi a coisa mais inteligente que fiz. Aproveitei a Banda de Ipanema sem terremotos para atrapalhar a festa.